A moda no Brasil e o impacto do Coronavírus

Se você me acompanha no Instagram (@odiadalila, segue lá!), sabe da live que fiz com a Ana na semana passada, dia 22 de abril. Um dos temas abordados foi a moda (como vestimenta) e os impactos do coronavírus nesse setor.

Por mais que seja possível comprar inúmeras peças de roupas, acessórios, calçados e bolsas pela internet, é inegável o fato de que toda a cadeia que envolve a moda no Brasil está sendo afetada.

Nesse post não vou entrar em searas como importação de produtos e/ou matérias primas, até porque não tenho cacife pra isso. Mas para você ter uma noção de como o setor está mudando, a Abest (Associação Brasileira de Estilistas) divulgou uma carta aberta sobre mudanças que acontecerão em 2020.

Como o coronavírus atingiu a moda no Brasil?

Para que você entenda a cadeia da moda e não se perca, vou dar uma explicação bem simplista e minimalista, mas que vai servir como exemplo! Vamos lá:

• a costureira recebe um pedido baseada nas tendências da coleção 1
• ela confecciona a coleção 1, que estará disponível para escolha dos lojistas vários meses antes de essa coleção ir para a loja
• depois de ver as opções, o lojista faz o pedido
• a costureira confecciona as peças em quantidade
• e tudo entra no estoque da loja para começar a venda (que começa enquanto a próxima coleção já está sendo confeccionada e a anterior já foi liquidada).

Ou seja, estamos em um mês no qual as liquidações deveriam estar a todo vapor para que a coleção de Inverno chegasse às lojas e começasse a ser vendida.

Porém, a coleção que deveria estar sendo liquidada nem foi recebida por algumas empresas, além do que não existe coleção de inverno nas lojas para que sejam vendidas.

Impacto no calendário de moda

Por isso que a Abest liberou uma mudança no calendário de moda brasileiro, tanto atacado quanto varejo. Não sei ao certo ainda quais mudanças são definitivas e quais são provisórias, mas o calendário de varejo (que nos interessa como consumidoras finais) pra 2020 está assim:

• liquidação de inverno acontecerá em agosto de 2020
• enquanto que a liquidação de verão, em fevereiro de 2021

Mas, o que mais me interessa, é o fato de que esse vírus veio para reforçar a necessidade de repensar a moda.

Repensar a moda?

Sim. Repensar! Esse exercício é necessário porque não é possível que as lojas precisem ser reabastecidas toda semana ou a cada quinze dias para terem sempre novidades e “girar a economia” ao promover desejos de consumo.

O Slow Fashion está mega em alta por conta disso e sim, fico feliz pelo fato. Porém, confesso, que me preocupo porque a moda slow é infinitamente mais cara do que a já conhecida fast fashion.

Entretanto, precisamos reconhecer que a roupa, o acessório, o calçado e a bolsa não são descartáveis! A peça que você compra não estará inutilizável daqui 15 dias pra você ter que comprar outra.

Eu espero que essa atitude da Abest auxilie na recuperação da cadeia brasileira e que nós tenhamos mais consciência antes de ir às compras.

Veja também: Cobertura dos desfiles da #SPFW